Queremos ser felizes!
E quem não quer? Quem não tem no coração o desejo de viver aqueles dias que não deveriam acabar nunca? Quem não quer sentir aquela euforia, aquele friozinho na barriga que insiste em nos dizer que a vida vale a pena, que sempre há a esperança de dias melhores, que nada é difícil demais, e que o bem vai prevalecer e o mal jamais será permanente? Quem não anda a procura da satisfação plena, da alegria de viver, do verdadeiro sentido da vida?
O fato é que a gente faz de tudo pela tal da felicidade, porque fomos feitos para sermos felizes! Não fomos feitos para o sofrimento, não! O sofrimento é acidente de percurso, é rota de desvio de um caminho lindo de felicidade que deveríamos estar trilhando. Nesse descaminho, em meio a devaneios, angústias e dores, avançamos céleres, cansados e machucados, na busca frenética pela felicidade! E nesse caminho tortuoso e difícil, nessa senda de desilusões e decepções vamos nos apercebendo, a duras penas, que felicidade ou não existe, ou não sabemos direito sobre ela.
Quando vamos a uma livraria somos surpreendidos com a quantidade de títulos que falam sobre a felicidade. Eu tive o cuidado de verificar e confesso: fiquei assustado! São centenas deles! Todos com a proposta de explicar a felicidade ou de apontar o caminho para ela. E o que me chama a atenção é a relevância do assunto, pela incessante busca, mas a difícil compreensão dele.
Por mais que as pessoas do mundo inteiro queiram passar a imagem de que é feliz, por mais que a mídia se esforce com propagandas cada vez mais bem elaboradas e com um marketing cada vez mais agressivo a fim de proporcionar “felicidade” ao homem, o fato é que o ser humano continua infeliz, sem alegria de viver, com uma vida sem sentido, e cada vez com um senso menor de realização. Na verdade, o mundo tem lucrado e muito com a infelicidade do ser humano, e explora o vazio do seu coração, que alguém disse ser do “tamanho de Deus”!
Sempre se venderá um estofado mais bonito e confortável, um carro com um motor mais potente, uma joia mais reluzente e bem lapidada para alguém que acha que isso o fará feliz. E poderíamos enumerar muito mais coisas: Quem sabe a felicidade viria com um novo emprego? Ou, então, depois daquele curso, daquela capacitação, ou depois daquele evento tão esperado, ou daquele encontro tão desejado? Sim, talvez ela chegasse junto com aqueles parentes ou amigos muito queridos, que passariam conosco aquelas super, hiper, mega férias que há anos programamos? Quem sabe?
Mas aí, como que puxando o nosso tapete, como que acordando-nos de um sonho bom para uma realidade extremamente cruel surge o compositor secular cantando assim: “Felicidade foi se embora e a saudade no meu peito ainda mora.”, mostrando-nos que tudo não passou de prazeres efêmeros, absolutamente transitórios, apenas flashes ou insights dos sentimentos que gostaríamos que perpetuassem conosco, mas que concluímos jamais nos trarão a bendita felicidade que tanto ansiamos.
O BOMBEIRO E O JOVEM SUICIDA
Recentemente li em um livro, em forma de ilustração, a história de um bombeiro inconformado com a notícia de que um jovem de vinte e oito anos, bem sucedido, inteligente, tinha um bom emprego, mas que estava no terraço de um grande edifício querendo dar cabo de sua vida. O esforçado bombeiro consegue chegar até o jovem e começa a argumentar tentando convencer-lhe de que a vida era boa de ser vivida e que ele tinha sim muitos motivos para viver.
Então o jovem, desesperado, propôs ao bombeiro:
– Eu ouvirei as suas razões para que eu não pule desse prédio, e depois você ouvirá as minhas, ok?
O bombeiro aquiesceu e rapidamente começou a enumerar vários motivos que ele julgava serem suficientes para o jovem prosseguir com a sua vida.
Depois disso, o jovem desesperado começa a contar para o bombeiro todos os seus percalços, todos os motivos de sua tristeza excessiva, e toda a sua infelicidade.
Conta-se que houve um grande silêncio e ambos, de mãos dadas, pularam do terraço.
O fato é que o mundo está, comprovadamente, cada vez mais infeliz e a razão disso é porque as pessoas estão procurando felicidade aonde definitivamente jamais encontrarão, pois a felicidade não é alguma coisa, a felicidade é Alguém, a felicidade é o encontro entre duas pessoas que jamais deveriam ter se separado – O homem e o seu Criador!
FELICIDADE E FILOSOFIA
Se não faltam livros que nos falem sobre a felicidade, também não faltam reflexões sobre ela. O acervo é enorme, mas eu quero citar algumas vertentes do pensamento filosófico, fruto de rápida pesquisa:
Epicuro, filósofo grego que viveu nos séculos IV e III a.C., defendia que a melhor maneira de alcançar a felicidade é através da satisfação dos desejos de uma forma equilibrada, que não perturbe a tranquilidade do indivíduo.
Aristóteles, filósofo grego que viveu no século IV a.C., entendia que a felicidade é uma atividade de acordo com o que há de melhor no homem. Que o homem que organizar os seus desejos de acordo com um princípio racional terá uma ação virtuosa, e a vida de acordo com a virtude será considerada uma vida feliz.
Karl Marx, (1818-1883), defendeu o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes, como elemento fundamental para se atingir a felicidade humana.
O Estoicismo defendia a tranquilidade como o meio de se alcançar a felicidade. Segundo essa escola filosófica grega, a tranquilidade poderia ser atingida através do autocontrole e da aceitação do destino.
O psiquiatra Sigmund Freud, (1856-1939), o criador da psicanálise, defendia que todo ser humano é movido pela busca da felicidade, através do que ele denominou princípio do prazer. Porém essa busca seria fadada ao fracasso, devido à impossibilidade de o mundo real satisfazer a todos os nossos desejos. A isto, deu o nome de “princípio da realidade”. Segundo Freud, o máximo a que poderíamos aspirar seria uma felicidade parcial.
O SENHOR JESUS E A FELICIDADE
Ninguém falou melhor e com mais autoridade sobre a felicidade do que o Senhor Jesus, quando encontrou com a mulher samaritana no Poço de Jacó. Que encontro fantástico foi aquele! Um verdadeiro TRATADO SOBRE A FELICIDADE foi estabelecido no encontro do Senhor Jesus com a aquela infeliz mulher. É muito digno de registro a compaixão que o Senhor Jesus teve, e a forma como Ele revela para aquela mulher tão acostumada à dor e ao sofrimento, que a felicidade estava bem defronte dela.
Primeiro o Senhor Jesus a surpreende pedindo-lhe água, e depois o Senhor Jesus é que é surpreendido por ela, vejam:
“Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher?”
Era como se essa mulher falasse com ele mais ou menos assim:
– Hei…que história é essa? Tu não estás vendo quem eu sou não? Você não vai começar a me ofender? Você não vai começar tirar onda comigo não? Você não vai querer me humilhar mais uma vez no dia de hoje como tantos já fizeram?
Essa mulher era muito infeliz primeiramente porque era uma mulher samaritana, povo de origem duvidosa, marginalizado, descendentes de casamentos mistos, pessoas que carregavam sobre si o estigma da rejeição – ela se sentia a escória do mundo! Ela sabia como ninguém as implicações de ser uma mulher naquela sociedade preconceituosa e ainda por cima, uma mulher samaritana – definitivamente ela não podia acreditar que um judeu a estava tratando com tanta dignidade!
O Senhor Jesus vai lhe dizer:
“Vai, chama teu marido e vem cá; ao que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido. Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade.”
Eu fico imaginando o sofrimento dela com todos esses casos; as expectativas ao começar mais um novo relacionamento, e claro está que ela não era uma prostituta, o que acontecia é que ela cometia o grave erro de achar que com um novo relacionamento, com um novo marido, as coisas iriam melhorar! Ela sempre imaginava assim: “…agora eu finalmente eu vou ser feliz…” Ela sempre achava que finalmente havia encontrado o marido ideal, aquele que iria lhe dar felicidade, a tão esperada felicidade que ela sempre quis ter. Pobre mulher infeliz, ela já estava com o sexto homem, num sexto relacionamento, e nada de felicidade!
Mas aí algo tremendo acontece! O Senhor Jesus contempla todo o seu sofrimento, toda a sua infelicidade e diz:
“Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva….e quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.”
Jesus assim que encontrou aquela mulher viu sua busca nas coisas erradas! Quando falou com ela não somente já havia contemplado toda a sua infelicidade, mas, também, todo o equívoco que ela vinha cometendo em achar que com um novo relacionamento ela finalmente seria feliz.
Era como se Jesus dissesse assim para ela:
– Filha, eu estou vendo o quando você é infeliz. Eu vejo a sua luta inglória buscando a felicidade num novo relacionamento conjugal, e que você já está na sexta tentativa. Você não percebe que está extremamente equivocada, buscando felicidade em coisas erradas! Você sempre acha que com um novo marido, um novo relacionamento conjugal, a felicidade vai aparecer pra você, mas não será isso que te dará felicidade! Se você soubesse quem é que está falando contigo aí sim você me pediria felicidade e Eu te daria! Você começaria um relacionamento de amor comigo e nunca mais se decepcionaria!
O que Jesus queria que aquela mulher compreendesse é que a fonte da verdadeira felicidade era Ele e que, portanto, ela deveria buscar nEle a felicidade que tanto almejava encontrar. Que não é um novo marido que dá felicidade a alguém, nem um novo emprego, nem um novo estofado, nem uma reforma da casa, nem a troca do carro, nem uma linda viagem por mais bela que ela possa ser, nem um bom aumento de salário.
E é isso que entendo que o nosso Deus quer que compreendamos hoje: Que a felicidade plena e verdadeira está em conhecê-lo: (“Sim, bem-aventurado é o povo cujo Deus é o SENHOR!”) Sal. 144.15; Que a felicidade plena e verdadeira está em confiar nEle: (“O que atenta para o ensino acha o bem, e o que confia no SENHOR, esse é feliz.”) Pv. 16. 20; Que a felicidade plena e verdadeira está em obedecê-lo: (“Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei.”) Sal. 40. 8.
Concluindo essa reflexão gostaria de citar a oração de um profeta sofredor, que profetizou num dos períodos mais sofridos da história do povo de Deus, mas, nem por isso, deixou de manifestar a felicidade que sentia:
“…Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente…” Hab. 3. 17-19
Parece que esse profeta maravilhoso entendia a dimensão exata da verdadeira felicidade, pois é como se ele nos dissesse assim hoje:
– Ainda que as coisas não estejam correndo tão bem para mim como eu planejei, ainda que eu não possua todas as coisas que eu gostaria de ter. Ainda que a saúde me falte, ou os amigos, ou uma melhor condição financeira, e que pessoas queridas me decepcionem, “todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.”
Pode ser que você esteja pensando assim: como é que pode alguém se alegrar e ser feliz com tantas adversidades, tantas dificuldades, com tantos obstáculos na vida?
Eu também não entendo direito tudo isso, mas o que eu sei é que no momento que temos nosso fantástico encontro com a pessoa do Senhor Jesus como a mulher samaritana teve, algo maravilhoso acontece: O vazio ”do tamanho de Deus”, que temos no nosso coração, é preenchido pelo Seu maravilhoso Espírito Santo e nós nos tornamos novas criaturas, filhos amados do Senhor Jesus, pessoas bem aventuradas, benditas e felizes! Pessoas que, definitivamente não estarão condicionadas às circunstâncias da vida para se sentirem felizes!
Sou feliz…….com Jesus…….Sou feliz com Jesus, meu Senhor!
Pr. Élio Morais
Curtir isso:
Curtir Carregando...