RELACIONAR BEM É UMA ARTE. Sei que começo essa minha reflexão com um chavão.
Essa frase é lugar comum em qualquer roda de discussão: Seja na mesa de um bar, num grupo de trabalho, num debate, num estudo de caso, essa frase sempre aparece e, invariavelmente, num tom quase de impossibilidade da realização!
De fato, não é tarefa fácil a convivência entre pessoas, pois cada um de nós traz consigo históricos muitíssimos diversificados.
Alguns passaram por traumas e situações inimagináveis; outros nem tanto assim. Alguns tiveram o benefício do afeto, da atenção e do cuidado; outros tiveram a desventura do abuso, do descaso e da falta de amor. Alguns tiveram uma infância com momentos inesquecíveis; outros tiveram infâncias que jamais querem se lembrar.
Então, com esse “filme” impregnado em nossa mente, de modo consciente ou não partimos para uma das mais árduas lutas da vida: Conviver bem com outras pessoas! E aí começam nossas batalhas no afã de adaptarmos nossas histórias aos relacionamentos e às convivências que teremos ao longo do tempo.
Interessante que nós não queremos, nem suportamos a ideia de não nos relacionarmos, e jamais poderíamos prescindir dos relacionamentos, pois fomos feitos para isso, ganhamos inteligência de Deus para isso, e jamais sobreviveríamos sem eles.
Nessa batalha para o bom relacionamento INTERPESSOAL estou certo que lograremos grande êxito se considerarmos um aspecto muitíssimo importante: o relacionamento INTRAPESSOAL, ou seja, a relação conosco mesmos – uma relação onde nos aprofundamos no conhecimento de nós mesmos.
Está é uma relação de fora para dentro como que imergindo, de uma forma bastante honesta, no próprio ser. Ao fazê-la, seremos levados, seguramente, ao descobrimento de nuances da nossa história que, devidamente trabalhadas, compreendidas e perdoadas, jamais servirão de empecilho para aquilo que queremos em nossos relacionamentos: aceitação e feliz convivência.
Nessa “viagem” para dentro de nós mesmos poderemos colher excelentes resultados, e um deles poderá ser a descoberta de que estamos filtrando nossas relações a partir daquilo que sofremos, somos ou vivemos. Também poderemos descobrir que estamos projetando no outro aquilo que gostaríamos de ser.
O grande benefício dessa imersão honesta na relação conosco mesmos é que os nossos descobrimentos nos farão mais longânimes com aqueles que convivemos e relacionamos, pois fatalmente haveremos de admitir que as pessoas que vemos todos os dias também estão em luta com suas histórias, que muitas vezes não contribuem positivamente para as suas relações INTERPESSOAIS.
Segundo o competentíssimo psicólogo americano, Daniel Goleman, num artigo publicado pela Revista Isto é, “Quanto maior a capacidade de identificar os nossos sentimentos e dos outros, de nos motivar e gerir bem nossas emoções e relacionamentos, maior o coeficiente de inteligência emocional.”, tão necessária para os nossos dias.
O fato é que somos SERES EM CONSTRUÇÃO. Somos edifícios inacabados! Somos pessoas que estão passando por um processo que, se tivermos boa vontade, especialmente com o outro, veremos um excelente produto final.
Estou certo que somente nessa perspectiva teremos relacionamentos mais saudáveis: na perspectiva da certeza de que sempre haverá a possibilidade para o crescimento, a aceitação e a melhora.
Que possamos ter em nós mesmos, primeiramente, essa expectativa, e que ela produza em nós paciência, boa vontade e otimismo em relação àqueles que convivem conosco.
Pr. Élio Morais