Estou lendo novamente o espetacular livro de Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe.
Na verdade já perdi a conta das vezes que li esse maravilhoso livro e, o que é melhor, sempre que o faço, além de pegar carona nas lindas fantasias do autor, ainda aprendo muito com os excelentes princípios para um relacionamento saudável e interessante.
O principezinho, orbitando por minúsculos planetas habitados por uma pessoa só, visita um rei, um vaidoso, um bêbado, um negociante, um acendedor de lampiões, um escritor e, por fim, encontra-se com o autor-narrador do livro, no planeta terra.
Mas foi no diálogo com o VAIDOSO, o segundo ponto de parada do principezinho, que me vi inspirado a escrever essa reflexão.
O que me causa espécie ao acompanhar a curta experiência do Pequeno Príncipe com o VAIDOSO é que assim que ele chega ao minúsculo planeta o seu morador o saúda da seguinte forma:
– Ah! Ah! Um admirador vem visitar-me!
Ao que o autor-narrador vai dizer:
– Porque, para os VAIDOSOS, os outros homens são sempre admiradores.
Em seguida, o principezinho faz uma pergunta ao VAIDOSO, mas esse não responde, e o autor-narrador vai fazer a seguinte explicação sobre o fato:
– Os VAIDOSOS só ouvem elogios
Quando Saint-Exupéry diz que os vaidosos ouvem somente elogios ele está nos dizendo dentre outras coisas que o VAIDOSO não aceita crítica, não sabe ser exortado, tampouco tem um coração de aluno para ser repreendido e crescer o crescimento saudável.
Se for corrente, como assevera Antoine de Saint-Exupéry, que o VAIDOSO vê todas as outras pessoas como seus admiradores, então, muito provavelmente, todos aqueles que não corresponderem a esse seu anseio, todos aqueles que não orbitarem diante dele, serão tidos como inimigos ou opositores, personas non grata, e estes serão enquadrados injustamente numa classe de pessoas que, provavelmente, não pertencem. Ao ver todas as pessoas que o cercam como se fossem seus admiradores, o VAIDOSO traz consigo a expectativa de uma contrapartida que muitas vezes não será correspondida e, daí, ao descobrir que se está sujeito muito mais às críticas do que à admiração, este, inadvertidamente, conflitua com os seus convivas.
Tenho pensado muito sobre a VAIDADE entre o povo de Deus.
Tenho pensado sobre pessoas que estão envolvidas demais consigo mesmas, pessoas egocentradas demais, enfermamente focadas naquilo que pensam, naquilo que fazem, e naquilo que ainda pretendem fazer, e não se apercebem que estão andando na “…vaidade dos seus próprios pensamentos.”
Entre o povo de Deus não deveria existir gente vaidosa, simplesmente porque o VAIDOSO tenta usurpar a glória que é de Deus somente. Mas, infelizmente, tem sido cada vez mais frequente a convivência com VAIDOSOS nas igrejas do Senhor Jesus – gente lavada e redimida pelo sangue do Cordeiro, mas que ainda não se incorporaram no princípio de João Batista: “Importa que Ele cresça e que eu diminua”.
Nas Escrituras, todas as vezes que alguém tentou usurpar a glória de Deus se deu mal! Que o digam Nabucodonosor e Herodes: um pastou como um animal irracional, e o outro caiu morto, com vermes horríveis saindo de dentro dele, pois seus “admiradores” atribuíram-lhe glória que era de Deus somente, e eles aceitaram.
Caminhando para a conclusão dessa reflexão, quero lembrar-lhes de uma infeliz declaração de um cantor gospel, famoso e midiático, que disse assim a respeito da vocação musical do seu filho, que preferia tocar bateria:
– Se ele quiser se dedicar a esse instrumento (bateria) ele “vai ficar lá atrás”, e que se ele quiser “ser o cara da frente” ele precisa seguir os passos do pai, tocando violão e cantando.
Quanta diferença ao princípio de João Batista!
“Porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão.”, palavras do Pregador do Eclesiastes.
soli deo gloria.
Pr. Élio Morais