“…se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo argüidos pela lei como transgressores.” Tg. 2:9
No meio dessa semana, uma imagem me chamou muito a atenção. Numa rua de Roma, na Itália, alguém grafitou o desenho de um chinês com uma placa na mão, com uma “hashtag” dizendo: EU NÃO SOU UM VÍRUS!
A reportagem que mostrou essa imagem noticiava sobre uma onda de racismo e atitudes nem um pouco amorosas com os orientais que moram nas capitais europeias, por conta do CORONAVÍRUS – como se somente o fato de um homem ser oriental significasse que ele tinha o vírus ou, ironicamente, como advertiu a “hashtag”, como se ele fosse o próprio vírus.
Fiquei pensando em como facilmente podemos discriminar e rotular pessoas! Fiquei pensando em como facilmente, “carimbamos” alguém e, com muita facilidade às elegemos com alguns RÓTULOS. Mais do que isso, fiquei pensando o quanto isso diz muito mais sobre nós mesmos do que sobre as pessoas que rotulamos.
Ao divagar sobre isso, não pude deixar de considerar o caso bíblico da MULHER ADÚLTERA. Interessante que essa mulher, logo de cara, perde o seu nome – ela é simplesmente mencionada por todos como a MULHER ADÚLTERA – graças a Deus que os títulos acima dos parágrafos de nossas Bíblias não foram inspirados por Deus – é coisa do homem mesmo!
Fico impressionado como esse rótulo não somente foi dado a ela, mas, em como também tem sido perpetuado ao longo dos anos – definitivamente os editores bíblicos, os pastores, ou os crentes, ou qualquer pessoa não deveriam jamais mencioná-la como tal! Ela foi pega sim em adultério, teve um encontro maravilhoso com o Senhor Jesus, e não deveria ser chamada mais de A MULHER ADÚLTERA!
Vale perguntar: O que seria de qualquer pessoa se essa recebesse um carimbo em sua testa sobre algo feio que tenha feito? Como uma pessoa sobreviveria com possíveis rótulos que recebera? Como essa pessoa tocaria sua vida dali para a frente, mesmo tendo se arrependido e passado a andar em novidade de vida?
Voltando ao caso, especialmente dos orientais, posso imaginar como está sendo difícil ser hoje uma pessoa de “olhinhos puxados”! Posso imaginar os olhares entrecortados e cheios de discriminação – daí a expressão: EU NÃO SOU UM VÍRUS!
Numa referência pessoal, jamais me esquecerei a sensação horrível que senti, na década de 80, por ocasião do acidente nuclear com o CÉSIO 137, que aconteceu em Goiânia. Naquela época, eu trabalhava numa multinacional e participava de um Curso de Aperfeiçoamento Gerencial, num Resort no Sul do Brasil, e senti na pele a discriminação de alguns colegas! Ou seja, para alguns, naqueles dias, qualquer pessoa que viesse de Goiânia estava contaminada com o CÉSIO 137 – foi horrível a sensação que senti!
Devemos evitar carimbar ou rotular qualquer pessoa! Todo ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus e precisa ser considerado como tal! Não obstante a isso, o que está ROTULANDO, muito provavelmente está falando muito mais sobre ele mesmo do que sobre quem está sendo ROTULADO, e, a rigor, quando ROTULAMOS alguém invariavelmente estamos fazendo uma TRANSFERÊNCIA, no mínimo, daquilo que somos, ou daquilo que escondemos ser, mas temos prazer em ver CARIMBADO em nosso semelhante – que o digam os acusadores da mulher que foi pega em adultério!
Que o Senhor seja misericordioso com todos!
Pr. Élio Morais