Quando fazemos da nossa igreja local simplesmente o lugar do “point”, o lugar vaidoso do encontro, o lugar onde utilizamos para exibir nossa “última aquisição”, ou quando a reduzimos como o lugar onde damos início a outras aparições que ainda faremos em outros lugares mais interessantes e “emocionantes”, isso deve nos trazer um sentimento de que decididamente algo está muito errado conosco e na contramão da vida que Deus projetou pra nós! Quando a igreja local se torna apenas isso para o fiel ele vira um “crente eventual” e que poderá fazer parte do grupo de pessoas que o escritor bíblico definiu como pessoas que amam apenas o “próprio ventre”.
A igreja local onde congregamos e da qual somos membros jamais deve perder o seu posto de lugar de adoração ao Senhor. Ela jamais deve perder o seu posto de lugar maravilhoso da comunhão, do aprendizado da Palavra, do culto. A igreja local onde congregamos deve ocupar sempre em nosso coração o lugar de destaque, o lugar onde definimos como um lugar onde Deus está e usa para nos ensinar, para trabalhar as nossas vidas, para nos instrumentalizar.
Está faltando na vida de alguns “fieis” o desejo ardente de congregar, o desejo ardente do levantar as mãos e adorar, o desejo de erguer mãos sinceras, mãos de adoração, mãos que com alegria celebram a graça, a misericórdia e a salvação do Senhor.
Quando se faz turismo na igreja, quando não se adentra a ela porque se entende que ali é o lugar da adoração e de que ali há “dois ou três reunidos em nome do Senhor Jesus”, faltará a reverência, o estado contemplativo e, sobretudo, a atenção humilde tão necessária para a adoração, o aprendizado e o culto.
Pessoas que deixam de olhar para a igreja local como um lugar de adoração e ditosa comunhão e como um lugar para o perfeito louvor e o encontro com Deus, indubitavelmente serão pessoas que flutuarão e titubearão em meio a muitos pensamentos e jamais se concentrarão no objetivo verdadeiro de se achegar ali: a prestação do culto ao Senhor.
Quem faz turismo na igreja e vai até ela porque a elegeu como um “point” somente, não se apercebe que orgulhosamente está lidando tanto com os desejos do seu coração e habituou tanto em satisfazer o próprio ventre, e que isso se tornou o seu objetivo tão primordial de vida que o levou não pensar no outro e tampouco no próprio Deus – não há razão para o culto!
É muito triste isso e o final pode ser muito doloroso e trágico, porque certamente essas pessoas somente valorizarão a igreja local e o próprio Deus quando algo não estiver indo muito bem em suas vidas, quando estiverem passando por um aperreio, uma grande luta, uma grande dificuldade.
Essa é uma tragédia anunciada que todo pastor com um pouco mais de experiência tem observado na igreja local. Invariavelmente, as pessoas que estão amando o próprio ventre, que estão agindo somente na carne e se ocupando em realizar e até promover os seus desejos pessoais, somente sentirão o desejo do congregar e do cultuar a Deus e somente valorizarão isso quando estiverem em grande aperto, quando suas estruturas estiverem abaladas, quando a temporalidade e a brevidade da vida e quando a sua fragilidade estiver totalmente exposta, e elas sofregamente terão que admitir que o seu reinado, a sua zona de conforto, aquela estrutura que parecia tão interessante, tão glamourosa, e tão fundamentada, na verdade é uma estrutura de barro edificada na areia, que jamais manteria qualquer edificação em pé, e elas perceberão que quem pode de fato lhes dar segurança é o Senhor, e que não há nada mais maravilhoso do que o amparo do povo de Deus que encontramos reunido na igreja local.
Mas é triste isso! É triste e Deus não tem prazer em que as pessoas o busquem por causa de lutas e dificuldades que estão passando. Aliás, o próprio Senhor Jesus nos disse: “Os verdadeiros adoradores o adorarão em Espírito e em verdade!” Ele sempre desejou um povo que usa da liberdade que tem até para rejeitá-lo, mas que o faz para adorá-lo, para bendizê-lo, para estar no meio do povo dEle louvando e engrandecendo o Seu nome.
Sim, está faltando no meio do povo de Deus gente que ama a igreja local, gente que a valoriza, gente que entende que faz parte dela e que é membro importante para justa cooperação e o seu engrandecimento.
Sim, está faltando no meio do povo de Deus gente que O ame de fato e de verdade, que encontra nEle a força pra negar a si mesmo e não mais fazer as vontades do coração, a fim de que o resultado seja o desejo ardente de encontrá-lo, adorá-lo e cultuá-lo!
Contudo, a despeito daqueles que não valorizam a igreja de Deus, a despeito da negligência e da falta de cooperação de alguns, Deus vai cumprir a sua promessa de “edificar a sua igreja e as portas do inferno não prevalecer sobre ela”. Certamente a igreja do Senhor Jesus será edificada mesmo com a falta de cooperação de alguns que foram alcançados com o Evangelho salvador do Senhor Jesus, mas que se perderam pelo caminho e deixaram de valorizá-lo pelo menos até o próximo sofrimento, até a próxima dificuldade, a próxima luta, ao próximo grande aperreio.
Que o Senhor nos livre de sermos assim. Que Ele nos livre dessa pequenez. Que Ele nos livre dessa fraqueza de desvalorizar aquilo e aquelas coisas mais importantes que temos na vida em nome de apetites carnais, de desejos não muito nobres de um coração que trilha o caminho do engano, da corrupção, do engrandecimento do eu e do distanciamento do próprio Deus.
Que Ele nos livre de sermos assim especialmente nesses dias que antecedem a Sua volta gloriosa. Amém!
Pr. Élio Morais