Nesta semana em que estamos comemorando o Dia dos Pais, gostaria de escrever algo que servisse de reflexão para o papel que temos que desempenhar como pais, nós que servimos ao Senhor.
O escritor libanês Mansour Chalita disse com muita propriedade:
“Acreditar que basta ter filhos para ser um pai é tão absurdo quanto acreditar que basta ter instrumentos para ser músico”.
Eu poderia falar do pai supridor, que não se furta aos maiores sacrifícios para trazer para casa o pão de cada dia. Eu poderia falar sobre o pai líder, que no afã de colocar seus filhos no topo, esforçam-se herculeamente, quase à exaustão. Eu poderia falar sobre o pai ético, que deseja ver seus filhos agindo com nobreza e correção, e para isso são incansáveis até mesmo no exemplo que precisam dar.
Mas eu quero falar do pai sacerdote do lar, aquele homem, líder espiritual, que Deus conferiu poder e autoridade para agir no nome dEle, a fim de salvar a herança do Senhor, que são os filhos.
Estou certo de que o exercício primeiro e mais importante do pai sacerdote do lar acontece na família. Entre os seus filhos, o pai sacerdote do lar tem o seu campo missionário mais próximo, de terra mais fértil e com todas as condições de atuar. Na família, o pai sacerdote do lar tem como presente de Deus, corações que deverão ser alcançados de uma maneira absolutamente lógica, porquanto esses corações foram dados como herança do Senhor, na idade mais tenra, e com toda condição de serem alcançados se o ambiente familiar for favorável e em meio aos oráculos do Senhor (entendendo oráculos como tudo aquilo que está intimamente ligado com o Senhor e o Seu Reino maravilhoso).
Infelizmente estamos vivendo dias maus, dias terríveis onde a família tem sido devastada. Dias de sombra e de terror, com perspectivas assombrosamente desfavoráveis, porque estamos vendo coisas acontecendo justamente nos ambientes onde deveriam surgir coisas boas, edificantes, saudáveis, de paz e de amor, como no seio da família.
Se as relações familiares vão mal as demais relações também irão! Se não encontro um ambiente favorável à comunhão, à paz e à adoração na família, então não será fora do seio familiar que as encontraremos! Não havendo esperança no ambiente propício certamente será muito improvável encontra-la em ambientes menos favoráveis. Poderíamos pensar, por exemplo, que na igreja encontraríamos, mas entendo que muito provavelmente o pai sacerdote no lar, que não cumpre o seu papel, não verá sua família ou membros dela na igreja, pois essa deveria iniciar no seu lar – é exatamente ali que o seu sacerdócio começa!
Infelizmente, no mundo pós-moderno, competitivo e globalizado em que vivemos tem sido muito fácil encontrarmos pais que se arrogam de ter formado academicamente os seus filhos, que se vangloriam de ter contribuído para que os seus filhos chegassem a um nível profissional estável e confortável, que se alegram, com razão, em dizer que os seus filhos são bons cidadãos, mas que não terão nenhum júbilo em falar da vida espiritual deles, porquanto não os conduziram ao conhecimento do Senhor.
Nada terá valido tanto a pena nesta vida se nós, como pais, não tivermos conduzido os nossos filhos à salvação do Senhor! Não é tudo sermos pais supridores! Não é tudo sermos pais líderes! Não é tudo sermos pais exemplares e éticos, se não formos pais sacerdotes do lar, pais que tem a autoridade do Senhor, pais que conduzem os filhos à salvação!
Nesse Dia dos Pais o desejo do meu coração é que cada pai de nossa igreja esteja não somente investido desse sacerdócio, mas, sobretudo, os seus corações estejam tomados do desejo de inculcar no coração dos seus filhos o temor do Senhor tão necessário para que O conheçam e sejam por Ele alcançados! Feliz dia dos pais!
Pr. Élio Morais