Esse é um atributo cada vez mais escasso entre os homens e, numa linguagem popular, alguém diria que é “mosca branca” tal a dificuldade de encontrá-lo.
Na verdade não é fácil escrever sobre honestidade.
Erasmo de Rotterdan, conhecido teólogo humanista do século XIV, já na sua época, mostra-nos como o relativismo apresentava as suas diversas facetas, quando ele disse algo sobre a tentativa de se maquiar a honestidade, e que precisa nos chamar à reflexão, veja:
“É muito mais honesto estar nu do que usar roupas transparentes.”
Segundo o Dicionário de Significados, “honestidade, é a qualidade de ser verdadeiro; de não mentir, não fraudar, não enganar, não omitir, não dissimular.” Segue a definição, “o indivíduo que é honesto repudia a malandragem e a esperteza de querer levar vantagem em tudo. De maneira explícita é a obediência incondicional às regras morais existentes.”
Facilmente fazemos uma ligação do homem honesto ao homem que jamais subornaria, ou aceitaria o suborno de alguém e, com muita facilidade, atribui-se honestidade ao homem que jamais deixaria de honrar seus compromissos, e isso não está errado, está apenas incompleto sobre o entendimento desse atributo que deveria ser marca registrada de todo o ser humano.
Confúcio, o famoso filósofo chinês, que viveu no período entre 551 a.C.-479 a.C., fez uma classificação no mínimo interessante entre três níveis de honestidade, veja:
“Num nível mais superficial, denominado Li, inclui as ações que uma pessoa realiza com o objetivo de cumprir os seus próprios desejos, embora nunca escondendo a sua sinceridade.”
Ou seja, nesse nível o homem estaria agindo honestamente, pois não omitia o seu interesse em atingir seus objetivos pessoais – ele os admitia explicitamente.
“Num nível intermediário, denominado Yi, o homem não procura explicitamente satisfazer ao seu próprio interesse, mas antes o princípio moral da justiça, com base na reciprocidade.”
Ou seja, nesse nível o homem seria um pouco mais nobre ou honesto, pois buscava a justiça, ainda que almejasse reciprocidade – a honestidade estava na busca da mesma.
“Num nível mais profundo, denominado Ren, o homem trata o seu semelhante da mesma forma em que gostaria de ser tratado.”
Ou seja, nesse nível o homem seria totalmente honesto, pois a honestidade estava em querer o mesmo benefício para o outro.
Particularmente, acho que o grande erro do famoso filósofo foi classificar a honestidade, pois não consigo vê-la nos dois primeiros níveis, e estou certo que não a vejo porque honestidade não pode ser classificada. Ela existe ou não existe em determinado ato – isso é absoluto! É-me difícil pensar num momento em que o homem foi pouco, médio ou profundamente honesto.
Todavia, gosto muito do nível mais profundo da classificação de Confúcio, pois ela concorda plenamente com a declaração daquele que, pelos seus escritos, é um grande exemplo de homem íntegro, e o maior autor dos livros da Bíblia, o apóstolo Paulo, pois quando ele fala sobre o cumprimento da lei, que seria o instituto que declararia alguém como honesto, ele vai dizer:
“O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.” Rom. 13.10
Eis aí o homem honesto – o homem que ama!
E qual seria a melhor definição de honestidade, juntamente com as suas maravilhosas características, senão o tratado sobre o amor, que Paulo nos apresenta no capítulo 13 de sua primeira carta aos Coríntios?
“O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
Deixemos do desejo de querer inventar a roda e nos apropriemos daquilo que o Senhor deixou para nós de forma tão clara!
Sejamos honestos, amemo-nos!
Pr. Élio Morais