Nessa semana participei de um culto fúnebre absolutamente diferente de todos os que eu já celebrei ou fiz parte. Tratou-se de um Culto em Ação de Graças pela vida de um pastor muito querido que deu FIM à sua própria vida.
Jamais uma notícia me atingiu tanto como essa, talvez, e muito provavelmente, por ser alguém muitíssimo próximo, alguém da minha denominação, um colega batista que estava no exercício do ministério, um par, acostumado as mesmas lidas que as minhas e as suas consequentes dores.
Sabido pelos mais íntimos, ele lutava contra uma severa depressão que insistia em minar suas forças, em tirar sua alegria e que, por fim, o levou a concluir que não valeria mais a pena viver.
Fiquei profundamente abalado porque comecei a pensar no querido colega e nas suas noites insones; nos seus recônditos e nos seus frios na barriga; nos seus choros que ninguém viu e nos seus medos que não podiam ser admitidos; no seu futuro carregado de incertezas que ele como pastor jamais poderia admitir; nos seus planos e projetos idealizados, mas que estavam engavetados sabe se lá há quanto tempo; nas incompreensões que o machucaram profundamente e que ficou no lugar secreto do coração; no paradigma de ter que ser alguém diferente, quase um ser extraordinário confundido com o próprio Deus, ao invés de simplesmente ser reconhecido como o “menor dos menores”, que simplesmente representava Deus entre outros homens menores, ou medianos ou superiores.
Sim, fiquei abalado porque não faltaram pessoas para julgar o que ele fez, ao invés de simplesmente se compadecer dele e não entrar no mérito do ato. Fiquei abalado porque não faltaram pessoas para questionar sua intimidade com Deus e se esqueciam de Elias na caverna, de Davi sendo perseguido pelo próprio filho, de Jeremias chorando a infidelidade do seu povo, de Jonas debaixo do arbusto, de Pedro perambulando depois de ter negado o Salvador, de Paulo sendo resgatado dentro de um cesto e, por fim, do próprio Mestre suando gotas de sangue no Getsemani.
Sim, fiquei sobremodo abalado, porque alguns “espiritualizadores de plantão” não se dignaram a considerar que há muita gente (QUE É DE DEUS) sofrendo transtornos terríveis por algumas deficiências químicas no organismo – conclusão amplamente divulgada pela comunidade científica.
Concluo, esperando no Senhor, que ao nos rondar notícias como essas e que chegam mais próximas de nós, nos despertemos para a necessidade de demonstrar um olhar mais achegado àqueles que estão perto, ao nosso redor.
Que nos despertemos para um olhar de investigativa e sensível compaixão que nos facilite descobrir quando por trás de um simpático sorriso e de uma aparente vida emocionalmente equilibrada estiver um homem convivendo com dores insuportáveis querendo ombro e colo que lhes facilite a vida!
Que o Senhor nos sensibilize mais com as dores dos outros, afinal, “A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra.” PV. 12:25
Pr. Élio Morais